Em busca da liberdade que não temos II















Para Refletir

1- O que é liberdade? Que tal buscar o conceito a partir de áreas do conhecimento tão diferentes quanto a filosofia, a história, a política, a religião, o direito ou as ciências sociais? Como as pessoas entenderam o conceito de liberdade ao longo da história? De que forma a literatura registra, em seus expoentes (como a mencionada escritora brasileira Cecília Meireles), a idéia desse vocábulo que encerra em si tantos sonhos dos seres humanos? Liberdade é compreendida da mesma forma no Ocidente e no Oriente, no Hemisfério Sul e no Norte? Sendo tão essencial a todos e a cada um, entender o que é liberdade torna-se um exercício de fundamental importância, não acham?

2- Destacados escritores norte-americanos - Jack Kerouac, Jack London e Henry David Thoreau – são desconhecidos da maioria dos brasileiros. Suas obras – ricas, vastas, geniais, incompreendidas e, em alguns casos, até mesmo consideradas malditas - compelem os leitores a emancipar-se, a sorver o universo (cada uma de suas gotas, de suas partículas), desafiam de forma constante o ser humano a uma constante e necessária revisão, reconstrução e análise. Não preciso dizer mais nada, não é? Que tal colocar esses autores na lista de livros a serem lidos em sua escola?

3- A natureza, soberba e embevecedora, a todo o momento nos brinda com algum espetáculo maravilhoso. E o que fazemos? Ignoramos. Fechamos nossos olhos. Passamos ao largo. Reagimos com pouco caso. E, se não bastasse isso, cerceamos seus espaços, limitamos suas maravilhas. Sensibilizar crianças, adolescentes e jovens quanto à natureza é tarefa básica e elementar da educação. Projetos interdisciplinares que prevejam e estimulem visitas a parques nacionais e áreas silvestres – com o intuito de reconhecer, identificar, mapear e criar um espírito preservacionista são essenciais práticas para toda e qualquer escola. Chega de discurso, é hora da prática!

4- O protagonista do filme “Na Natureza Selvagem”, Chris McCandless (Emile Hirsch), em sua jornada pelos Estados Unidos, passa por diversas localidades e paisagens naturais. Exercício bastante interessante seria mapear seu rumo e fazer um levantamento dos ecossistemas e paisagens com os quais ele teve contato.

5- A sociedade e suas “aparências”, ou seja, as pessoas agindo para vender imagens política e socialmente corretas, como é o caso da família de Chris McCandless no filme “Na Natureza Selvagem” é tema forte e relevante da referida produção. Será que algum dia poderemos realmente falar o que pensamos, sem usar as máscaras que muitas vezes ocultam nossos reais pensamentos? Quando emergirá a verdade, a sinceridade, a honestidade em nossas práticas e relações sociais? Será que tudo ao nosso redor é mascarado e encerra – atrás de encenações – leituras muito diferentes daquilo que realmente ouvimos e vemos? Exercício bastante interessante para a compreensão dessa premissa é a análise do comportamento de pessoas públicas, como políticos, artistas, empresários, atletas ou músicos...


Fonte: www.planetaeducacao.com.br

Reflexão criada por: João Luís de Almeida Machado Editor do Portal Planeta Educação; Doutorando em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).

Em busca da liberdade que não temos...

Na Natureza Selvagem






















Somos cativos e nem ao menos nos damos conta disso. Vivemos atados a compromissos das mais variadas naturezas que nos fazem ir e vir (teoricamente livres) de um lado para o outro a todo o momento. Podemos abdicar de tudo isso a qualquer momento, mas quem, em sã consciência, abre mão dos laços que os unem à família, trabalho, escola, compromissos financeiros, religião, política?
Liberdade, de acordo com o poema clássico de Cecília Meirelles, é uma palavra que “o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda”. Até mesmo por isso, a saga do personagem Chris McCandless (Emile Hirsch), apresentada no filme “Na Natureza Selvagem”, do diretor Sean Penn, acaba por nos provocar sentimentos contraditórios e gerar posicionamentos dúbios quanto ao filme e a história de vida do protagonista.
Baseado em fatos reais, “Na Natureza Selvagem” mostra um jovem que resolveu desafiar a lógica estabelecida para sua vida e a de tantos outros promissores rapazes e moças que completam seu curso universitário.
Ao invés de se lançar no mercado e buscar avidamente o tão sonhado emprego numa empresa que lhe garantisse bons proventos e uma vida material para lá de confortável, McCandless – o melhor aluno de sua turma – resolve partir numa longa e imprevisível jornada, com destino conhecido (o Alasca), sem dinheiro no bolso, cortando contatos e relações com o mundo previamente conhecido por ele (inclusive com os familiares) e esperando para ver o que iria lhe acontecer durante o trajeto...
Chris McCandless adota o princípio de seus escritores de cabeceira – Jack Kerouac, Jack London e Henry David Thoreau – e passa a viver um dia de cada vez. Cada emoção – boa ou má – a ser descoberta a partir do nascer do sol, sem qualquer idéia previamente concebida a orientar os passos, as palavras, os olhares, as idéias...
O jovem resgata a tônica da contracultura, do modo de vida Hippie (sem que, com isso, se torne um hippie) – despojado, desvinculado do materialismo, disposto a encontrar-se no mundo, crendo mais no ser do que no ter ou possuir.
Há, evidentemente, outros fatores na história de vida do jovem que o compelem a assumir essa postura libertária radical. São aspectos relacionados à vida em família e ao modo como temos que a todo o momento “aparentar” normalidade, felicidade, cidadania, valores éticos e comportamento exemplar.
A farsa com a qual convive em sua casa – percebida na relação entre seu pai e sua mãe – o mobilizam a essa aventura, a uma autêntica fuga. Os estereótipos sociais o cansaram, esgotaram suas energias. O falsete da normalidade o afastou do sonho de vida padrão, do norte-americano médio - que é o mesmo de praticamente todos aqueles que vivem sob a égide da economia de mercado – e o compeliram a buscar o infinito, a liberdade, ou ainda Deus, na natureza, naquilo que é puro, simples, singelo, constante...
“Na Natureza Selvagem” é um libelo. Filme baseado em fatos reais que não tem medo de ser e se mostrar panfletário, que não quer se esconder sob falsas aparências, bem no espírito do protagonista...














O Filme

“Na Natureza Selvagem” intriga e inebria os espectadores. Desafia a lógica e a sensatez com a história real de um jovem que resolve abandonar tudo e viver como os personagens dos livros de Thoreau, Kerouac e London, que leu durante a sua formação universitária.

A vida marginal, com o pé na estrada, perambulando de um canto a outro do país, sem dinheiro no bolso, dá ao jovem Chris a sensação de liberdade por ele tanto desejada. Despojar-se dos luxos, dormir a céu aberto, alimentar-se do que a natureza lhe oferece, conhecer as pessoas sem que esses relacionamentos sejam direcionados por qualquer interesse específico (como dinheiro, família, emprego…) e explorar o mundo natural eram seus sonhos.

Emile Hirsch (que protagonizou Speed Racer, versão cinematográfica do desenho japonês dirigida pelos irmãos Andy e Larry Wachowsky, da trilogia Matrix) está impecável e mereceria prêmios por sua memorável interpretação como Alexander Supertramp, o codinome do jovem Christopher McCandless.

O elenco de apoio, com Marcia Gay Harden, William Hurt e o veterano Hal Holbrook em comovente atuação (entre outros) é também fator de brilho dessa discreta e soberba produção e direção do talentosíssimo Sean Penn. Um filme para incomodar e provocar a todos! Obrigatório!

Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br

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