Quem são nossos ídolos?

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Recentemente recebi um e-mail, com alguns questionamentos sobre o que é ser ídolo no Brasil. Havia até um tom de ironia, pois questionava como se tornar ídolo em solo brasileiro da noite para dia, desde participantes do Big Brother Brasil a grandes nomes do cinema nacional. Hoje, qualquer pessoa sem grandes referências ou exemplo para a nossa sociedade, pode ou está se tornando ídolo. Nos últimos meses, o cinema nacional tem me chamado  a atenção com a quantidade de ídolos pré-moldados que por ora são “fabricados” no cenário nacional.

Por sinal, de uns tempos para cá, uma pergunta não consegue sair da minha mente: por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que tenham algo de bom para conceder, verdadeiros exemplos para essa juventude já tão transviada? Será que ser correto não dá audiência, não rende bilheteria?

Lembro de ter ido ao cinema assistir ao filme Cazuza, pois aprecio suas canções. Por sinal, concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciá-lo como um ídolo, foi, no mínimo, inadmissível. Aliás, como podemos cultivar um ídolo como Cazuza?

Neste filme parece que é hiper comum usar drogas, participar de orgias sexuais, beber até cair e como se essas coisas fossem certas, já que foi isso que o filme abordou.

Recordo-me que Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos de uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado. No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou de trabalhar para conseguir alguma coisa, que já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta.

Na verdade, Cazuza era um traficante e, como sua própria mãe Lucinha Araújo revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso. Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Maré é que um nasceu na zona sul e outro não. Melhor dizendo, um é rico e o outro não.

Depois, fui assistir ao filme Meu nome não é Johnny, baseado no livro homônimo de Guilherme Fiúza, que conta a história de João Guilherme Estrella, carismático carioca de classe média que se tornou o maior vendedor de drogas do Rio de Janeiro, mesmo sem jamais pisar uma favela e depois lidou com o sistema carcerário do país. Esse é mais um ídolo que ganha as principais salas de cinema do nosso país. Qual é o modelo de exemplo que temos de dar à nossa sociedade? Por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que tenham algo de bom para mostrar? 

Não é de hoje que venho comentando as produções cinematográficas brasileiras sobre a violência urbana e a falta de valores éticos e morais. Não se assuste, caro leitor, se em breve chegarem às nossas salas de cinema filmes sobre Fernandinho Beira-Mar, Batman, o bilionário traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadia, o “Chupeta”, preso no Brasil, entre outros.

Os meus questionamentos sobre essa idolatria e exibicionismo desnecessários é que nossa sociedade perdeu os valores verdadeiros. Nossa sociedade fabrica falsos ídolos que nos deixam carentes e frustrados o tempo todo. Nossos ídolos são os acessórios e roupas de grife, os carros importados, as jóias caras, o dinheiro e o poder! Mas onde estão os valores como a honestidade, a perseverança, a bondade, a tolerância, a caridade, e ainda mais, onde estão aquelas virtudes que norteavam as vidas de nossos pais e avós?

A mídia enaltece e alardeia os fatos de bandidos e os coloca na capa das maiores revistas deste país! Para quê? Para que eu e você tenhamos de saber que cara tem um bandido que mata sem escrúpulos? Que rouba? Que consome drogas?

Por que o cinema enaltecem as pessoas que se dão bem na vida manipulando a vida dos outros, roubando e consumindo drogas? Por que não existem filmes que mostrem as pessoas de bem?

É porque essas pessoas de bem não ‘vendem’ marcas famosas e não podem se tornar ídolos nem com o melhor marketing! Essas pessoas de bem, são pessoas comuns, como eu e você, que não poderiam servir de exemplo para ninguém e que não podem ser personagens de filmes ou quiçá novelas.

O povo é facilmente manipulável porque está carente de exemplos melhores. Carente mesmo dentro de casa, onde os pais pobres não conseguem vencer o apelo das TVs que estimulam o consumo desenfreado de seus filhos e que gera mais e mais frustração e raiva! Que deságua em violência e revolta.

Pelos vistos, amigo leitor, tudo muda. E muda bem rápido. Mas não percam as esperanças. O Brasil precisa de gente consciente que respeite os verdadeiros valores morais e éticos e que crie as possibilidades para que surjam outros exemplos para serem admirados nos cinemas.

Ainda acredito que a vida está cheia de bons exemplos e basta procurá-los. Não são muitos, mas eles existem, perto e longe de nós: na vida privada, no nosso círculo de amigos, entre nossos familiares, basta procurar. Na vida pública são poucos, é verdade, mas alguns existem, no Brasil e lá fora.

Gilney Tosta
O Brasileirinho – Julho/2009
Adaptado

Dia Nacional da Consciência Negra

Zumbi dos Palmares, o maior ícone da resistência negra ao escravismo no Brasil. 

    Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. A data - transformada em Dia Nacional da Consciência Negra pelo Movimento Negro Unificado em 1978 - não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.

     O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras.

     Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares.

     Alguns anos após a sua fundação, o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife.

     O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe dar noções de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12 anos o menino era coroinha. Entretanto, a população local não aprovava a atitude do pároco, que criava o negrinho como filho, e não como servo.

     Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públicas. Por isso, quando completou 15 anos, o franzino Francisco fugiu e foi em busca do seu lugar de origem, o Quilombo dos Palmares.

     Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de ministro de guerra nos dias de hoje.

     Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, Zumbi fugiu junto a outros sobreviventes do massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco.

     Contudo, em 20 de novembro de 1695 Zumbi foi traído por um de seus principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge Velho matou o rei Zumbi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição.

     “Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgulho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade.

Fontes: Dpnet.com.br
             O Dia On-Line
            Feranet21.com.br

 

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