Em busca da liberdade que não temos...

Na Natureza Selvagem






















Somos cativos e nem ao menos nos damos conta disso. Vivemos atados a compromissos das mais variadas naturezas que nos fazem ir e vir (teoricamente livres) de um lado para o outro a todo o momento. Podemos abdicar de tudo isso a qualquer momento, mas quem, em sã consciência, abre mão dos laços que os unem à família, trabalho, escola, compromissos financeiros, religião, política?
Liberdade, de acordo com o poema clássico de Cecília Meirelles, é uma palavra que “o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda”. Até mesmo por isso, a saga do personagem Chris McCandless (Emile Hirsch), apresentada no filme “Na Natureza Selvagem”, do diretor Sean Penn, acaba por nos provocar sentimentos contraditórios e gerar posicionamentos dúbios quanto ao filme e a história de vida do protagonista.
Baseado em fatos reais, “Na Natureza Selvagem” mostra um jovem que resolveu desafiar a lógica estabelecida para sua vida e a de tantos outros promissores rapazes e moças que completam seu curso universitário.
Ao invés de se lançar no mercado e buscar avidamente o tão sonhado emprego numa empresa que lhe garantisse bons proventos e uma vida material para lá de confortável, McCandless – o melhor aluno de sua turma – resolve partir numa longa e imprevisível jornada, com destino conhecido (o Alasca), sem dinheiro no bolso, cortando contatos e relações com o mundo previamente conhecido por ele (inclusive com os familiares) e esperando para ver o que iria lhe acontecer durante o trajeto...
Chris McCandless adota o princípio de seus escritores de cabeceira – Jack Kerouac, Jack London e Henry David Thoreau – e passa a viver um dia de cada vez. Cada emoção – boa ou má – a ser descoberta a partir do nascer do sol, sem qualquer idéia previamente concebida a orientar os passos, as palavras, os olhares, as idéias...
O jovem resgata a tônica da contracultura, do modo de vida Hippie (sem que, com isso, se torne um hippie) – despojado, desvinculado do materialismo, disposto a encontrar-se no mundo, crendo mais no ser do que no ter ou possuir.
Há, evidentemente, outros fatores na história de vida do jovem que o compelem a assumir essa postura libertária radical. São aspectos relacionados à vida em família e ao modo como temos que a todo o momento “aparentar” normalidade, felicidade, cidadania, valores éticos e comportamento exemplar.
A farsa com a qual convive em sua casa – percebida na relação entre seu pai e sua mãe – o mobilizam a essa aventura, a uma autêntica fuga. Os estereótipos sociais o cansaram, esgotaram suas energias. O falsete da normalidade o afastou do sonho de vida padrão, do norte-americano médio - que é o mesmo de praticamente todos aqueles que vivem sob a égide da economia de mercado – e o compeliram a buscar o infinito, a liberdade, ou ainda Deus, na natureza, naquilo que é puro, simples, singelo, constante...
“Na Natureza Selvagem” é um libelo. Filme baseado em fatos reais que não tem medo de ser e se mostrar panfletário, que não quer se esconder sob falsas aparências, bem no espírito do protagonista...














O Filme

“Na Natureza Selvagem” intriga e inebria os espectadores. Desafia a lógica e a sensatez com a história real de um jovem que resolve abandonar tudo e viver como os personagens dos livros de Thoreau, Kerouac e London, que leu durante a sua formação universitária.

A vida marginal, com o pé na estrada, perambulando de um canto a outro do país, sem dinheiro no bolso, dá ao jovem Chris a sensação de liberdade por ele tanto desejada. Despojar-se dos luxos, dormir a céu aberto, alimentar-se do que a natureza lhe oferece, conhecer as pessoas sem que esses relacionamentos sejam direcionados por qualquer interesse específico (como dinheiro, família, emprego…) e explorar o mundo natural eram seus sonhos.

Emile Hirsch (que protagonizou Speed Racer, versão cinematográfica do desenho japonês dirigida pelos irmãos Andy e Larry Wachowsky, da trilogia Matrix) está impecável e mereceria prêmios por sua memorável interpretação como Alexander Supertramp, o codinome do jovem Christopher McCandless.

O elenco de apoio, com Marcia Gay Harden, William Hurt e o veterano Hal Holbrook em comovente atuação (entre outros) é também fator de brilho dessa discreta e soberba produção e direção do talentosíssimo Sean Penn. Um filme para incomodar e provocar a todos! Obrigatório!

Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br

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